Segundo informações de uma amiga próxima do rapaz, o corpo foi encontrado trajando apenas cueca, com sinais de espancamento e todo ensanguentado.
A amiga informou que Lucas teria ido para Cabo de Santo
Agostinho a serviço da Federação Goiana de Voleibol, para ser árbitro de um
campeonato. Ele teria sido visto pela última vez no hotel em que estava, na
noite de sábado (17/11). Na manhã de domingo, como não foi encontrado no
quarto, os amigos suspeitaram que ele estivesse desaparecido e começaram uma
busca pela redondeza.
A praia em que Lucas foi encontrado fica bem próxima ao
hotel. O pai do rapaz foi a Recife, neste domingo, para tratar da tramitação
burocrática e buscar o corpo para fazer o velório em Goiás.
Lucas era presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), no
município de Santo Antônio de Goiás, e militante do Movimento Gay, em Goiânia.
Além disso, foi fundador do Grupo Colcha de Retalhos, que luta pela causa LGBT
na UFG. Organizou diversas paradas gays na capital goiana e lutou pela
aprovação do Projeto de Lei 122, que assegura a punição à homofobia no
Brasil.
Professores lamentam
Em nota enviada por e-mail para professores, alunos e
ex-alunos, o Prof. Dr. do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás,
Juarez Ferraz de Maia, lamentou a morte de Lucas Fortuna. “Tudo leva a crer
tratar-se de um crime homofóbico pelas agressões sofridas. Lucas Fortuna era um
militante da causa gay e combatia a intolerância e a violência através de suas
ações pacíficas e brilhante oratória . Durante anos foi um dos organizadores em
Goiânia da Parada Gay”, escreveu o professor na nota.
Juarez Maia ainda ressaltou que a professora Angelita Lima
também lamentou profundamente a morte do ex-estudante de jornalismo da UFG. Em
mensagem enviada por e-mail, a professora escreveu que está “profundamente
abalada”. A nota segue dizendo: “O Lucas foi o meu braço direito enquanto
estive na coordenação do curso e foi o responsável por grandes feitos e
vitórias no curso de Jornalismo. Brilhante, inteligente e inquieto. Foi uma
grande liderança social e do movimento estudantil. Sempre muito precoce em
tudo. Acho que ele foi feliz”.
De acordo com informações do ativista Luciano Freitas, do
grupo pernambucano Leões do Norte, no mesmo final de semana da morte do
jornalista goiano Lucas Fortuna, a polícia encontrou o corpo de outro
homossexual, morto possivelmente a pedradas, na mesma região.
Fonte: http://www.brasil247.com
Não é um caso isolado
A morte do ativista LGBT e jornalista goiano Lucas Fortuna,
em Cabo de Santo Agostinho, distante 40 km de Recife (Pernambuco), parece não ser o
único registrado no município, num curto espaço de tempo, que teria sido
motivado por questões homofóbicas. De acordo com informações do ativista
Luciano Freitas, do grupo pernambucano Leões do Norte, no mesmo final de
semana, a polícia encontrou o corpo de um outro homossexual, morto
possivelmente a pedradas, na mesma cidade. O corpo de Lucas Fortuna foi
encontrado na manhã de domingo (18/11), na praia de Calhetas, litoral sul de
Pernambuco.
Os crimes têm mobilizado a polícia do Estado. De acordo com
o assessor de imprensa da Polícia Civil, Carlos Leite, até que o laudo do Instituto
Médico Legal (IML) seja emitido, a investigação da morte de Lucas Fortuna segue
sob o comando da Delegacia de Homicídios do Recife. Luciano Freitas conta que
crimes por motivação homofóbica são comuns no Estado.
“Vamos acompanhar as investigações e dialogar com o Centro
de Combate à Homofobia do Estado sobre esses números. São 30 mortes até agora
em Pernambuco”, relata Freitas, que era amigo de Lucas Fortuna.
Laudo
O IML investiga se Lucas morreu vítima de afogamento ou de
violência. O laudo preliminar aponta sinais de espancamento e golpes de faca,
sendo um no pescoço e outro na orelha. “As investigações preliminares do
delegado que esteve no local apontam para lesões pós-morte, mas isso só será
esclarecido com o laudo”, garante Carlos Leite. O IML deve emitir um laudo
parcial entre 10 a
15 dias.
O coordenador do Centro de Referência Estadual de Combate a
Homofobia, ligado a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos
(SEDSDH), Rhemo Guedes afirma que a morte de Lucas foi notificada como crime de
homofobia. Segundo ele, a morte do ativista segue um padrão de crimes contra
homossexuais. As marcas no corpo, o local e a vestimenta apontam para isso.
“Estamos fazendo o devido acompanhamento junto à polícia. A
suspeita de roubo existe, mas não podemos descartar que tenha sido um crime
homofóbico”, defende Guedes. O Centro de Referência também entrou em contato
com familiares e amigos de Lucas, oferecendo apoio psicológico.
Imprensa
O crime causou comoção não só em Goiás, mas também em
Pernambuco. Os principais jornais do Estado noticiaram a morte violenta de
Lucas Fortuna. O pai do jovem, Avelino Fortuna, veio ao Recife reconhecer o
corpo e conversou com jornalistas na manhã dessa segunda (19/11). “Agora é a
gente lutar para que essa morte não tenha sido em vão, que mais ninguém sofra
um tipo de violência dessa”, falou emocionado Avelino.
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